Economia & Mercados
14/10/2022 17:55

Especial: Bancos estimam que Credit Suisse pode precisar de até US$ 9 bi em capital


Por Altamiro Silva Junior

São Paulo, 11/10/2022 - Na expectativa pela divulgação do plano de reestruturação do Credit Suisse, no próximo dia 27, analistas de bancos e consultorias internacionais tentam estimar o tamanho do rombo que um dos maiores bancos europeus terá que resolver. O americano Goldman Sachs calcula que serão necessários até US$ 8 bilhões em 2024, enquanto o banco de investimento Jefferies prevê que a necessidade de capital pode ser um pouco maior, chegando a US$ 9 bilhões nos próximos "dois a três anos", quase o que o banco suíço vale atualmente em bolsa, US$ 10,8 bilhões.

O anúncio do plano de reestruturação é visto pelos analistas como uma chance crucial para o banco suíço restaurar a confiança dos investidores, abalada por uma sucessão de apostas erradas nos últimos anos, que geraram perdas bilionárias. Só em 2022, a ação do acumula perdas de 60%. Em meio à crise, o seguro para proteger investidores contra calote do banco suíço, o Credit Default Swap (CDS), segue acima de 300 pontos, o triplo dos grandes bancos europeus e americanos. Hoje estava em 321 pontos, ante 135 pontos do Citi, 109 do JPMorgan e 97 do francês Natixis.

O analista do Goldman, Chris Hallam, que encabeça a equipe quegrupo assina o relatório calculando a necessidade de capital do Credit, observa que o banco tem tido geração "mínima" de capital, em meio a crescentes desafios "estruturais" e "cíclicos". "Considerando nossa visão de que o banco de investimento requer reestruturação enquanto a geração de capital é mínima, agora vemos um aumento de capital como prudente para preservar um colchão [de liquidez]", ressalta relatório.

Enquanto o plano de reestruturação não vem, o Goldman manteve a recomendação de venda da ação, além de reduzir o preço-alvo do papel, em uma sinalização de que espera que um dos maiores bancos suíços continue pressionado. Já a Jefferies manteve a recomendação "neutra" para ação, embora também tenha cortado o preço-alvo para o papel. Os analistas acreditam que, para levantar dinheiro, o banco será "forçado" a vender ativos. Ao mesmo tempo, alertam que só se desfazer de participações e empresas pode não ser suficiente para levantar os recursos necessários.

Para o analista do Deutsche Bank, Benjamin Goy, o Credit Suisse precisa de uma reestruturação significativa, em meio à queda de seus papéis, deterioração do ambiente bancário com juros em alta e possibilidade de recessão e o aumento dos custos de financiamento exacerbaram os problemas do banco suíço.

Na imprensa internacional, os relatos são de que o banco busca um sócio para injetar capital, enquanto planeja sair de alguns negócios, como de securitização. Esta última operação teria atraído o interesse de nomes como o gigante alemão Allianz e a gestora americana Centerbridge Partners, que administra mais de US$ 33 bilhões. Na semana passada, o Credit colocou à venda um tradicional hotel no centro de Zurique, avaliado ao redor de US$ 400 milhões.

Contato: altamiro.junior@estadao.com
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