Economia & Mercados
11/11/2022 10:11

Primeiro lucro após seis anos mostra que Tecnisa mudou os rumos, diz presidente


Por Circe Bonatelli

São Paulo, 10/11/2022 - O presidente da Tecnisa, Fernando Perez, celebrou o primeiro lucro da incorporadora após um hiato de seis anos e disse esperar que a companhia permaneça no azul. O balanço do terceiro trimestre mostrou um resultado líquido ainda tímido, de R$ 1,6 milhão, mas que representou um marco importante, na sua avaliação. "O lucro foi pequeno, mas mostra que mudamos o rumo da conversa. Não queremos que seja um voo de galinha. Pode ser lucro comedido, mas duradouro", afirmou, em entrevista ao Broadcast. "Estou bastante confiante de que vamos continuar nesse caminho", emendou.

Para se manter no azul, a Tecnisa dará continuidade aos esforços para corte de custos. As despesas gerais e administrativas foram 13% menores no acumulado dos primeiros nove meses de 2022 em relação ao mesmo período de 2021, mesmo com a inflação elevada no período. Mas Peres ainda vê espaço para otimização de processos e maior disciplina nos gastos.

Outro esforço será para expansão da receita, o que depende de mais lançamentos. Segundo o executivo, a Tecnisa tem estrutura capaz de realizar lançamentos equivalentes a R$ 1 bilhão em valor geral de vendas (VGV) por ano, o que, obviamente, vai depender do cenário macroeconômico e do ritmo de venda dos projetos já lançados.

Atualmente a Tecnisa acumula empreendimentos com VGV de aproximadamente R$ 2 bilhões já aprovados pela Prefeitura de São Paulo. A maior parte disso está no Jardim das Perdizes, minibairro da incorporadora próximo ao terminal Barra Funda. Esses lançamentos não saíram do papel porque dependem de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) da Operação Urbana Água Branca. A previsão é que haja um leilão desses títulos em abril do ano que vem.

Os Cepacs são títulos que permitem às empresas erguerem prédios acima dos limites originais de cada bairro. Os recursos arrecadados pelos cofres públicos vão para obras de infraestrutura e mobilidade na região. Sem os títulos, os incorporadores que compraram terrenos na região não conseguem lançar os empreendimentos do tamanho planejado.

Títulos da prefeitura

A paralisia no leilão de Cepacs se arrastou nos últimos anos, mas acabou após a decisão há algumas semanas do Tribunal de Justiça de São Paulo que julgou improcedente a ação direta de inconstitucionalidade que havia suspendido a Lei Municipal n° 17.561/2021, que trata da Operação Urbana Água Branca. Com isso, não há mais insegurança jurídica, segundo Perez.

Para este mês de novembro, a Tecnisa tem previstos dois lançamentos. Um deles é o Reserva Figueiras, no Jardim das Perdizes (após um rearranjo de Cepacs remanescentes no estoque) com VGV total de R$ 161 milhões (parte Tecnisa). O outro é o Calea Jardins, na esquina da Rua Consolação com a Alameda Lorena, um residencial nobre com VGV de 380 milhões (100% Tecnisa).

Peres disse que há uma demanda reprimida por moradias no Jardim das Perdizes. Nas outras regiões, as vendas estão indo razoavelmente bem, em linha com o que tem sido visto no mercado em geral, segundo ele.

O executivo observou ainda que a pressão do aumento de custos diminuiu, mas ainda está "bastante acentuada". O aumento de custos não é mais generalizado, mas ainda é alto em alguns itens, como cimento. "Cada caminhão que chega na obra é um preço", conta. Ele contou ainda que tem buscado fazer o repasse dessas altas de custo para o preço final dos imóveis, mas isso não tem sido possível na íntegra, o que ainda afeta as margens.

Contato: circe.bonatelli@estadao.com
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