Economia & Mercados
25/04/2022 15:32

99 lidera aliança pró-carro elétrico e quer frota 100% 'verde' até 2030, mas bateria é desafio


Por Juliana Estigarríbia

São Paulo, 25/04/2022 - A 99 está liderando uma aliança com outras oito empresas para estimular o mercado de veículos zero emissões no Brasil. Entre as metas do grupo, formado por companhias como Caoa Chery, Unidas, Movida, Raízen e Ipiranga, estão o aumento da participação de carros elétricos para 10% das vendas totais no País - hoje, a modalidade representa menos de 2% do mercado - , a criação de 10 mil estações públicas de carregamento e atingir 100% da frota do aplicativo eletrificada até 2030.

"O carro elétrico é o futuro, mas o processo de transformação da frota começa agora e não queremos fazer isso sozinhos. A aliança serve justamente para unir as pontas dessa cadeia para estimular a demanda e a oferta", afirmou ao Broadcast o diretor do DriverLAb da 99 (centro de inovação da empresa), Thiago Hipólito.

Segundo o executivo, a meta de eletrificar 100% da frota do aplicativo até 2030 é factível, mesmo em um horizonte de incertezas acerca da produção local desse tipo de veículo, o que reduziria os custos de aquisição. Montadoras vêm afirmando publicamente que, sem uma política concreta de estímulos à fabricação de carro elétrico, o Brasil terá dificuldades para escalar o segmento.

De acordo com dados da consultoria automotiva Bright, a frota eletrificada - que inclui híbridos - no Brasil, em 2021, era de aproximadamente 80 mil unidades, sendo cerca de 25 mil do tipo plug-in (100% elétricos, ou seja, que dependem exclusivamente de recarga para funcionar). Para 2030, a consultoria projeta uma frota eletrificada de 2,9 milhões de veículos no País, sendo 650 mil do tipo plug-in.

Segundo o diretor da Bright, Murilo Briganti, atualmente o Brasil possui cerca de mil pontos de recarga de veículos elétricos. A 99 trabalha com o número de 1,5 mil unidades. "A média mundial é de um ponto de recarga para cada 8 veículos plug-ins. Para acompanhar a frota de plug-ins que estamos projetando para o País em 2030, seriam necessários, pelo menos, mais 80 mil pontos de recarga em território nacional."

Considerando que cada ponto custa entre R$ 20 mil e R$ 200 mil, dependendo se é de recarga rápida ou não, a Bright estima que seriam necessários pelo menos R$ 1 bilhão de investimentos por ano até 2030 somente nesses equipamentos para atender ao aumento da frota de veículos plug-ins no País.

Hipólito acredita que as metas da aliança e da 99 são factíveis. "A agenda do carro elétrico está se desenvolvendo muito mais rapidamente do que imaginávamos. A meta de eletrificar 100% da frota é ambiciosa, mas o custo operacional de um carro elétrico para o motorista de aplicativo é 80% menor se comparado a um veículo a combustão. Apesar do custo de aquisição maior, o valor se paga."

Ele reconhece, porém, que os passos para atingir a meta não estão totalmente desenhados. "Ainda não temos os detalhes de como vai funcionar, isso faz parte do nosso aprendizado. Por isso, traçamos objetivos de curto prazo."

Para este ano, a 99 prevê 300 veículos eletrificados em sua frota, com foco inicialmente em São Paulo. Os veículos serão adquiridos, em parte, por meio de parcerias com locadoras e montadoras, e parte com recursos próprios. Uma parcela será 100% elétrica, outra híbrida.

Até 2025, o número de veículos eletrificados da frota da 99 deve saltar para 10 mil, afirma Hipólito. A aliança prevê ainda 10 mil carregadores habilitados em todo o Brasil. "Vamos também escolher em conjunto com outros players um município para transformá-lo em uma "cidade verde", com grande parte da frota rodando com elétricos, em um projeto-piloto", esclarece.

Na avaliação de Briganti, à medida que a primeira empresa de transporte por aplicativo dá o primeiro passo na direção da eletrificação, as concorrentes têm que correr atrás. "No entanto, quando falamos de uma frota 100% elétrica, existe o desafio de carregar a bateria do veículo, por isso será um grande desafio para empresas eletrificarem toda a sua frota no interior do País."

Aliança

Embora a 99 não abra valores de investimento na aliança, Hipólito relata que a companhia está investindo, em 2022, cerca de R$ 100 milhões em uma estratégia para tornar o veículo mais acessível para o motorista de aplicativo e contribuir para tornar suas finanças mais "saudáveis".

Além da 99, CAOA Cherry, Ipiranga, Movida, Raízen, Tupinambá Energia, Unidas e Zletric formam a aliança. De acordo com Hipólito, cada empresa terá um papel específico, que pode envolver simplesmente a discussão sobre o futuro desse ecossistema. "Os participantes da aliança discutirão ativamente uma agenda estratégica para o futuro."

O executivo acrescenta que a 99 está negociando com outras empresas para ampliar a parceria. "Estamos abertos para fazer testes, que são apenas a primeira etapa desse projeto. Estamos em negociações, outras montadoras poderão entrar na aliança, o objetivo é justamente esse."

Contato: juliana.estigarribia@estadao.com
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