Economia & Mercados
21/10/2020 13:59

Analistas destacam bom resultado da Petrobras no 3tri20, mas alertam para preço da commodity


Por Wagner Gomes

São Paulo, 21/10/2020 - Os resultados operacionais da Petrobras, divulgados na noite de ontem, foram muito bem recebidos pelo mercado, principalmente pela resilência da companhia durante a pandemia do novo coronavírus. Mas os analistas destacam a preocupação com o preço do petróleo, que pode ser um obstáculo para a petroleira, que tem montado a sua estratégia no aumento da produção em campos do pré-sal.

"A estratégia da Petrobras de se concentrar em águas profundas e ultraprofundas está sendo executada e rodando muito bem, mas ainda há incerteza em relação ao preço da commodity, que continua bastante pressionada em ano de pandemia. Isso coloca uma nuvem, um ponto de instabilidade, sobre a empresa, o que retém os preços das ações no curto prazo", diz Renan Sujii, estrategista-chefe de mercado da Harrison Investimentos.

Segundo ele, por mais que a companhia tenha bons resultados ainda há incertezas em relação ao futuro. "A empresa monta uma estratégia, um plano de voo, mas tem turbulências que podem vir de acordo com o preço da commodity no mercado internacional", acrescenta.

Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, concorda, mas diz que o pior já passou. Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, com foco no pré-sal, a tendência é que as ações da companhia acompanhem cada vez mais o preço do petróleo. Ele diz que é natural as ações de longo prazo serem estipuladas com relação ao movimento da commodity".

Resultados sólidos

Segundo dados divulgados ontem, a Petrobras produziu 2,952 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d) de petróleo, gás natural e líquido de gás natural (LGN) no terceiro trimestre deste ano. Esse volume representa uma alta de 5,4% ante o trimestre anterior e de 2,6% ante igual período do ano anterior. O volume total comercializado foi de 2,632 milhões de boe/d, alta de 6,4% ante o trimestre imediatamente anterior e de 1,3% em relação ao terceiro trimestre de 2019.

Sujii diz que os resultados vieram em linha com o que o mercado esperava e confirmam um momento operacional positivo da empresa. "É uma estratégia que vem em continuidade nos últimos trimestres. Eles fizeram alguns desinvestimentos em participações em campos de águas rasas e onshore. Isso mostra que, na prática, o seu plano estratégico está sendo efetivado", comenta.

No resultado, um outro ponto de destaque, segundo o analista da Harrison Investimentos, é o querosene de aviação, que já mostra recuperação importante em relação ao segundo trimestre, em linha com a recuperação do setor de aviação. Segundo a Anac, depois de bater no fundo do poço em abril, o número está voltando e há expectativa que a retomada continue beneficiando a Petrobras. Outro ponto é a parte de refino e o fator de utilização da capacidade que avança em relação ao segundo trimestre. "A empresa ainda não voltou ao patamar de antes do coronavírus, mas isso vem acontecendo aos poucos, como em outros setores da economia", afirma.

Galdi, da Mirae Asset, diz que o resultado da Petrobras foi sólido e que a estratégia da companhia de vender ativos que estão fora de seu plano de crescimento faz a empresa ficar mais focada na produção de petróleo no pré-sal.

Ilan Arbertman diz que a Petrobras concentrou ainda mais a sua produção no pré-sal. Avançando 20,8% na comparação anual e 8,1% frente ao último trimestre, a extração em pré-sal passou a representar 62,7% ante 61,7% do total comercial produzido pela empresa no segundo trimestre e 52,6% no terceiro trimestre de 2019. As demais formas de extração como terra e águas rasas perderam relevância, enquanto o crescimento no pré sal foi maior, segundo ele.

"A Petrobras demonstrou mais uma vez que avança limpidamente rumo a uma operação mais rentável, que contempla o direcionamento de sua produção ao pré-sal e a eficiência em seu posicionamento comercial para expandir seu volume de vendas. Recebemos os resultados da empresa com otimismo e acreditamos em positiva recepção dos dados por parte do mercado", diz Arbetman.

Em relatório, os analistas do Morgam Stanley, Bruno Montanari e Guilherme Levy, explicam que uma combinação forte de exploração e produção, impulsionada pelo pré-sal, e uma rápida recuperação da demanda de combustível definem o tom para o bom resultado do terceiro trimestre da Petrobras.

Também em relatório, o Bank of America (BofA) diz que a companhia reportou um conjunto muito melhor de resultados operacionais no terceiro trimestre, refletindo uma recuperação importante em relação ao um segundo trimestre muito fraco, embora as tendências permaneçam em boa parte fracas ante o ano anterior.

"A produção total de óleo e gás de 2,952 milhões boepd aumentou 5,4% ante o segundo trimestre e 2,6% em relação ao mesmo período do ano passadio, embora ligeiramente abaixo de nossa estimativa de 2,98 milhões de boepd. A produção foi beneficiada pela operação em junho da P-70 no campo de Atapu, maior eficiência nas unidades do campo de Búzios, auxiliada pela ampliação da capacidade de processamento e operação acelerada da plataforma P-67 em Tupi", dizem os analistas.

O BofA lembra que devido a um atraso na manutenção programada, a Petrobras agora tem como meta uma produção de 2,84 milhões de boepd (2,28 milhões de bpd de petróleo bruto) para 2020, acima das metas anteriores de 2,7 milhões de boepd (2,2 milhões de boepd de óleo), principalmente por conta da postergação das paradas programadas do quarto trimestre para o início de 2021.

Contato: wagner.gomes@estadao.com
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