Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
Brasília, 15/10/2019 - O diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Souza, avaliou há pouco que a redução da retorno do Sistema Financeiro Nacional (SFN) é natural com a queda na taxa de juros.
“Mesmo antes da pandemia, já falávamos que com a redução da taxa de juros, seria natural uma redução no nível de retorno dos bancos, à medida que houvesse renegociações de crédito com taxas menores”, afirmou, em entrevista coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) referente ao primeiro semestre de 2020. “Cada vez mais carteira de crédito dos bancos vão ficando com spread menor”, apontou.
Segundo Souza, o retorno dos bancos na faixa de 13% ainda traz atratividade para o setor. “Mas não era esperado que tivéssemos uma crise tão abrupta como a pandemia de covid-19. Em cenário com juros menores, os bancos teriam que correr mais riscos, mudar o mix das carteiras. O retorno seria inferior ao que vínhamos observando, dependendo da estratégia de cada banco”, completou.
Para o diretor, porém, é difícil prever como ficará a rentabilidade dos bancos em 2021. “Os efeitos da crise são severos, foi necessário um reforço de provisões, houve queda de receitas e o ambiente de juros muda a dinâmica do mercado de capitais”, argumentou. “Uma rentabilidade na faixa entre 10% e 12% é o que devemos observar para o futuro do sistema financeiro”, concluiu.
O secretário do Comitê de Estabilidade Financeira e consultor da Diretoria do BC, Enrico Vasconcelos, acrescentou que seria temerário tentar encontrar número para rentabilidade dos bancos para um horizonte mais longo. “O Brasil vive um ‘cisne negro’, uma crise sem precedentes”, avaliou.
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