Economia & Mercados
12/08/2022 13:03

Especial: Com frio na Argentina, Eneva aumenta exportações de energia e vê lucro aumentar


Por Gabriel Vasconcelos

Rio, 11/08/2022 - A Eneva projeta estabilidade de receita no terceiro trimestre, antes de engordar o faturamento com a incorporação de termelétricas no Sergipe e Ceará, aquisições anunciadas nos últimos meses, mas que só devem ser concluídas a partir de setembro. A previsão foi feita ao Broadcast pelo diretor financeiro da empresa de energia e gás, Marcelo Habibe.

No segundo trimestre, a Eneva teve lucro líquido de R$ 147 milhões, alta de 24,7% com relação a um ano atrás. A receita líquida no período somou R$ 1,3 bilhão de abril a junho, alta de 40%, na mesma base de comparação.

"No curtíssimo prazo, para o terceiro trimestre, não vejo nada que possa impactar severamente a nossa receita", diz Habibe.

"O nível dos reservatórios no Brasil está diminuindo, mas ainda é alto. Não deve haver demanda para termelétrica no período. Então a gente não vai ligar termelétricas e vai continuar a vender energia para a Argentina, que demanda muito em função do rigor do inverno. E ele (inverno) ainda está batendo forte, então esperamos continuar a exportar nos próximos meses", continua.

A venda de eletricidade da Eneva a outros países, sobretudo Argentina, saltou de 181 megawatts médios (MWm) no início de maio para 1,4 gigawatt médios ao fim de junho. Em todo o mês de junho, disse Habibe, a Eneva exportou energia para a Argentina a preço médio de R$ 500 por megawatt/hora, enquanto o preço médio no Brasil estava em R$ 50/Mwh. A diferença de preço justifica, em boa medida, o bom resultado de receita, que deve se repetir à frente.

Já o aumento na comercialização, diz o diretor, se deve à incorporação da unidade de negócio da Focus Energia voltada à atividade no fim do primeiro trimestre, com impacto concentrado no segundo. Só com comercialização, a Eneva teve uma receita de R$ 532 milhões, com lucro bruto de R$ 70 milhões no período. "Trata-se de um giro muito maior do que tínhamos antes (da aquisição)", diz Habibe. Para comparação, no segundo trimestre do ano passado, a frente de comercialização da empresa teve receita de R$ 67 milhões, com margem bruta de R$ 3 milhões.

O executivo, no entanto, projeta impacto significativo nos resultados relativos aos últimos meses do ano. "Mais importante que o presente é a sinalização de futuro", diz sobre as aquisições da maior termelétrica do país, a sergipana Celse, com 1,6 GW de capacidade instalada e pipeline para chegar a 3,2 GW, além da Termofortaleza (CE), com capacidade de 327 MW.

A conclusão da aquisição da Celse, disse Habibe, deve acontecer em outubro. A produção da unidade, contratada no ambiente regulado até dezembro de 2044, corresponde à receita fixa anual de R$ 1,9 bilhão. Já a aquisição da Termofortaleza deve ser concluída antes, em setembro.

A conclusão dos negócios vai impactar o endividamento. A Eneva informou, em nota, que fechou o segundo trimestre com posição de caixa de R$ 5 bilhões e alavancagem de 2,2 vezes, após captação de R$ 4,2 bilhões com oferta de ações. A companhia define esse perfil financeiro de momento como "favorável ao projeto de expansão operacional e ocupação de novos nichos".

Entre esses "novos nichos" está o negócio de fornecimento de gás natural liquefeito (GNL) do Complexo Parnaíba para plantas da mineradora Vale e da fabricante de papel e celulose Suzano. A operação vai impactar o resultado no médio prazo, por ter início previsto para 2024, e vai demandar mais de R$ 1 bilhão em investimentos. "Isso significa crescimento futuro de receita, e uma receita nova. Hoje 100% do nosso negócio é venda de energia elétrica, mas vamos começar a vender gás", lembra.

Contato: gabriel.vasconcelos@estadao.comP
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