Economia & Mercados
15/02/2022 09:45

Em busca de expansão, BrMalls conversa com Tanure, Ancar e Aliansce


Por Circe Bonatelli

São Paulo, 15/02/2022 - O esforço da BrMalls em busca de opções para ampliar o tamanho do negócio via fusões e aquisições atraiu diferentes interessados, embora com perfis - e viabilidades - muito distintas.

Depois de a proposta de fusão da Alianse Sonae se tornar pública (e ser refutada), há um mês, a BrMalls reabriu conversas com a Ancar Ivanhoe e com o empresário Nelson Tanure. Este último já havia tratado do assunto com acionistas da BrMalls no ano passado, e o diálogo foi retomado novamente este ano, segundo apurou o Broadcast com fontes de mercado.

Tanure é o controlador da incorporadora Gafisa e montou, em 2020, um braço de investimentos em propriedades comerciais para complementar a atuação da empresa, tradicional no ramo de empreendimentos residenciais. Desde então, comprou os shoppings Jardim Guadalupe e Fashion Mall.

A avaliação de Tanure é que o negócio de construção e comercialização de apartamentos passa por muitos altos e baixos, o que torna os resultados da Gafisa muito instáveis - ainda mais agora com o ciclo de alta dos juros, que tende a esfriar as vendas de imóveis. Por sua vez, os shoppings geram um faturamento mais estável proveniente dos aluguéis cobrados mensalmente dos lojistas.

Na Gafisa, o braço de propriedades comerciais é tocado pelo executivo Guilherme Pesenti, que esteve com Tanure na PetroRio e também integra o conselho da Copel, outra investida do empresário.

Tanure poderia tentar a compra de ativos específicos ou entrada como um sócio de peso na BrMalls. Procuradas, as assessorias de BrMalls, Gafisa e Nelson Tanure não comentaram.

Aliansce tenta convencer acionistas

Por sua vez, as negociações entre BrMalls e Aliansce Sonae podem ganhar novos capítulos nas próximas duas semanas. Depois de o conselho da BrMalls rejeitar a proposta para combinação dos negócios entre as duas operadoras de shoppings, no começo de janeiro, os acionistas da Aliansce passaram a conversar diretamente com os acionistas da rival na tentativa de convencê-los a apoiar a iniciativa. A estratégia é formar um grupo relevante o suficiente a ponto de mobilizar o conselho e reabrir as conversas sobre o tema.

A BrMalls é uma empresa com a base de acionistas pulverizada, sem um controlador definido. E há indicativos de que houve uma mudança relevante na base de acionistas por lá. O movimento de compra e venda de ações da companhia nos últimos 30 dias cresceu quase 50% em comparação com giro médio do papel no ano passado inteiro.

A própria Aliansce comprou ações equivalentes a uma fatia de cerca de 4% da BrMalls. E o fundo canadense CPPIB, acionista da Aliansce, chegou a 6%. Outros nomes novos ou que reforçaram posição na base são: Sharp Capital, RPS Capital, Truxt Investimentos, SPX Capital, Grupo Neo e Miles Capital.

Nesse mix, há gestoras de recursos com estratégias distintas, de olho em ganhos no curto e no longo prazo. Os mais simpáticos à tese da fusão sinalizaram que a Aliansce terá que melhorar a oferta para prosperar.

Por sua vez, os maiores acionistas da BrMalls (antes das notícias de fusão emergirem) Squadra, Atmos, Velt e Capital International não deram sinais de interesse em voltar a discutir a oferta recebida.

A Aliansce propôs que cada empresa teria 50% do novo grupo, e os acionistas da BrMalls também receberiam mais R$ 1,35 bilhão. O conselho da BrMalls disse não, alegando que a companhia foi subavaliada. Uma proposta mais atrativa envolveria um pagamento maior em dinheiro ou mais entrega de ações. Nenhuma das possibilidades está descartada no momento.

Procuradas, as empresas não comentaram.

Ancar

Outra porta que poderia abrir um caminho para a estratégia de crescimento da BrMalls está na retomada das conversas com a Ancar Ivanhoe para uma potencial aquisição de shoppings do portfólio da concorrente.

As empresas já tentaram um acordo em 2020, mas sem sucesso. Dessa vez, a notícia foi vista com ceticismo pelo mercado, uma vez que os empreendimentos da Ancar têm outros sócios com apetite para exercer o direito de preferência antes da BrMalls em uma eventual alienação dos ativos.

"Um acordo de preços com a Ancar está longe de ser óbvio, e nós lemos o movimento da BrMalls como mais uma tentativa de pressionar a Aliansce Sonae a aumentar sua oferta", descreveram os analistas Bruno Mendonça, Hugo Grassi e Pedro Lobato, em relatório do Bradesco BBI.

"Trazer a Ancar de volta ao cenário de fusões e aquisições após as negociações malsucedidas de 2020 pode sugerir que não há muitas alternativas claras e geradoras de valor para a BrMalls, pelo menos por enquanto", complementaram.

Contato: circe.bonatelli@estadao.com
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