Economia & Mercados
22/04/2022 16:55

Chuvas favorecem resultado das geradoras e inadimplência deve afetar distribuidoras no 1º tri


Por Wilian Miron

São Paulo, 22/04/2022 - A temporada de balanços corporativos do primeiro trimestre de 2022 começa na próxima semana para as empresas do setor elétrico. E, na avaliação de analistas de mercado consultados pelo Broadcast Energia, a tendência é que, no segmento de geração, as empresas já apresentem os primeiros dados relativos à recuperação dos reservatórios das hidrelétricas, após o retorno das chuvas no final do ano passado.

Nesse sentido, indicadores do risco hidrológico (GSF, da sigla em inglês) devem aparecer melhores nos balanços de empresas como AES Brasil, Auren Energia, Eletrobras e Engie, por exemplo. Já a Omega Geração, que tem foco em geração eólica e solar, apresentou uma produção forte no trimestre, o que, na visão dos analistas, pode ser um indicativo de resultados melhores. "Acredito que vamos ver saúde financeira maior nesses balanços, mais robustos", disse o analista da Ativa Research, Ilan Arbetman.

Outro dado que deve chamar atenção nos balanços desse trimestre é em relação aos preços da energia no mercado de curto prazo. Devido à crise hídrica, no ano passado, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) chegou ao teto, pressionando os custos principalmente para quem tinha necessidade de comprar energia para honrar contratos. Contudo, dada a melhora no cenário hidrológico, esses preços passaram o primeiro trimestre em valores inferiores aos que vinham sendo praticados em 2021. "No passado, todas as geradoras foram afetadas pelo GSF, mas nesse trimestre isso deve ser menos preocupante", disse o analista da Genial Investimentos, Vitor Sousa.

Esse cenário também deve ser refletido no balanço da Eneva, que nos últimos trimestres vinha apresentando resultados mais fortes devido ao aumento no despacho de termelétricas. Contudo, com a melhora nas condições para geração hídrica, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reduziu o acionamento dessas usinas, que têm energia mais cara do que outras fontes. "Vimos uma queda no acionamento desde o quarto trimestre e isso deve continuar no balanço desse ano", disse um analista que aceitou conversar sem ter seu nome identificado.

Distribuidoras
Na distribuição, o ponto de atenção no trimestre será em relação aos índices de inadimplência e perdas. Dada a situação econômica do País, com inflação alta, os analistas avaliam que é possível que as empresas do setor apresentem índices mais pressionados nesses dois quesitos. "Sempre que o preço da energia fica estruturalmente maior, a gente vê uma tendência também de crescimento na inadimplência e nas perdas", comentou Vitor Sousa.

Opinião semelhante tem Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos. Na visão dele, após o quarto trimestre mostrar uma tendência de crescimento em relação às perdas e inadimplência, é possível observar um aprofundamento dessa tendência neste início de ano. "É difícil para as distribuidoras manterem esses índices saudáveis [num cenário econômico adverso]".

Arbetman destacou também que os volumes de energia vendidos pelas concessionárias também devem ser observados, uma vez que no início deste ano as temperaturas foram mais amenas, reduzindo a demanda por energia para o funcionamento de equipamentos como ar-condicionado, por exemplo.

A temporada de balanços para o setor elétrico começa com a divulgação de resultados pela Neoenergia, na terça-feira, 26.
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