Economia & Mercados
08/07/2021 16:00

Exclusivo: Em sete anos de Brasil, Uber alcança 1 milhão de motoristas no País


Por Wagner Gomes

São Paulo, 07/07/2021 - A Uber está completando sete anos no Brasil com 1 milhão de motoristas na plataforma. A companhia diz já ter repassado cerca de R$ 70 bilhões aos trabalhadores brasileiros associados ao serviço nesse período, embora não informe os valores individualmente.

O Brasil é um dos principais mercados da empresa fora dos Estados Unidos, mas os números detalhados da operação local não costumam ser divulgados. Nos dados financeiros, por exemplo, o grupo informa apenas as receitas por regiões e agrega o País junto com o restante da América Latina.

No primeiro trimestres deste ano, a região somou US$ 302 milhões em receitas, cerca de 10% do total no mundo. Com o impacto da pandemia, o número ficou 40% abaixo do registrado no mesmo período de 2020.

Apesar de ter quase 100 milhões de usuários no mundo, a Uber ainda opera no vermelho e fechou o primeiro trimestre deste ano com uma perda de US$ 108 milhões.

Quando chegou ao Brasil, o aplicativo da Uber tinha apenas uma opção de produto, o Uber Black. E em sete anos, avançou para ter mais de 50 opções entre produtos e ferramentas. Nesse período, também lidou com a resistência de taxistas em diversas cidades e o avanço da regulação.

"Chegamos no Brasil há sete anos com menos de dez funcionários, somente um produto e uma única forma de pagamento disponíveis nas cidades de São Paulo e no Rio de Janeiro", afirma o diretor geral da Uber para América Latina, George Gordon. "Em poucos anos já estávamos em todas as regiões, com diversas alternativas de serviços e opções de pagamento."

Um dos novos serviços foi a chegada da Uber Eats, de delivery, concorrente do iFood no País.

De olho no Brasil

As dimensões continentais e a enorme frota de veículos fazem o Brasil despontar como destaque na operação global dos aplicativos de transporte.

No recente processo de IPO (oferta inicial de ações) da Didi, grupo chinês que comprou a 99, o País foi apresentado como um laboratório de experiências, em que a empresa teve de se adaptar com o elevado uso de dinheiro vivo e de motoristas desbancarizados, para os quais lançou um cartão virtual que já conta com 2 milhões de unidades emitidas.

Assim como a Uber, a chinesa não detalha os números de usuários por país. Nas operações internacionais - onde está o Brasil - eram 60 milhões de passageiros em 31 de março.

Efeito pandemia

Na pandemia, os negócios encolheram. A Didi explica que seus negócios fora da China começaram a se recuperar do baque da pandemia no terceiro trimestre do ano passado, mas que as receitas não cresceram tanto quanto poderiam devido à depreciação do real e do peso mexicano em relação ao renmimbi chinês. O Brasil e o México são vistos como riscos, diante de novos ondas de contágio.

A Uber diz que, globalmente, as viagens caíram até 80% no início da crise sanitária no ano passado. Os números no Brasil, porém, não foram informados. Segundo a empresa, embora os negócios voltados à mobilidade tenham sido bastante afetados, a demanda por delivery cresceu. Desde março de 2020, o Uber Eats, por exemplo, também começou a atender outros setores da economia além de restaurantes, como lojas de conveniência, pet shops e até floriculturas.

"Em um ano, essa linha do negócio praticamente dobrou de tamanho no Brasil e passou a oferecer também a opção de mercado, em parceria com a Cornershop", afirma a empresa.

Hora do rush

Os novos dados revelados pela Uber mostram detalhes curiosos sobre os hábitos dos usuários. O período a partir das 19h de sexta-feira foi constantemente apontado como o que concentra o maior número de viagens em todo o País, seguido pelo sábado à noite. A tendência nos horários típicos de happy hour está ligado a um outro hábito impactado pela chegada da Uber no País, segundo a empresa.

Pesquisa do Datafolha realizada para o Observatório Nacional de Segurança Viária aponta que 68% dos brasileiros que consomem álcool dizem ter deixado de dirigir após beber e passaram a usar aplicativos de mobilidade nessas ocasiões. Já uma pesquisa da consultoria BCG apontou que 73% dos brasileiros concordam que um dos atrativos dos aplicativos é poder beber sem precisar dirigir.

Essa característica de uso foi alterada durante a pandemia em 2020, quando os deslocamentos passaram a acontecer muito mais de segunda à sexta no início da manhã e final da tarde.

Para o Uber, existe uma nova forma de se movimentar pelas cidades. Os usuários mais frequentes já ultrapassaram a marca de 5 mil viagens nesses sete anos, o que equivale a duas viagens de Uber por dia, todos os dias da semana.

Pesquisa realizada recentemente pela Ticket Log, marca da Edenred Brasil, empresa do setor de gestão de frotas e soluções de mobilidade para o mercado urbano, aponta que 50% dos usuários pesquisados do Ticket Car, solução de pagamento de abastecimento e serviços de mobilidade, querem usar outros modais de transporte além do carro próprio para se locomoverem até o trabalho.

Pelo levantamento, feito com mais de mil usuários da solução, 12% já o fazem, optando por aplicativos de intermediação de transporte individual e bicicletas compartilhadas, por exemplo.

A pesquisa indica, ainda, que 39,38% dos usuários do Ticket Car que desejam utilizar outros modais para se locomover gostariam de passar a fazê-lo por transporte individual intermediado por aplicativos. Outros 20,87% optariam pelo compartilhamento de caronas e 16,15% por bicicletas.

Contato: wagner.gomes@estadao.com
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