(Retransmitimos nota publicada ontem, 21:06)
Por Matheus Piovesana
São Paulo, 04/08/2022 - A composição do resultado do Bradesco no segundo trimestre deve ser bem vista pelo mercado, mas a qualidade dos ativos pode dominar as conversas com analistas e investidores nesta sexta-feira. No primeiro ponto, o banco entregou a alta de spread que sinalizou na divulgação do trimestre anterior, além de uma forte recuperação na Bradesco Seguros. No segundo, viu aumentar a inadimplência e dispararem as despesas com provisões.
Acelerou. Tanto a carteira do Bradesco quanto as margens com clientes cresceram no primeiro semestre acima do teto das estimativas do banco para o ano todo, o que indica que alguma desaceleração virá à frente. No entanto, bastaram três meses para que aumentasse a diferença entre o crescimento da margem com clientes e o da carteira, com vantagem para o resultado do banco com as operações. A conclusão óbvia é de que em um cenário de repasse dos juros mais altos ao cliente final, o spread subiu, o que deve se manter até o fim do ano.
Acelerou II. A mais importante alavanca para o lucro superior a R$ 7 bilhões, porém, foi a operação de seguros do Bradesco, que lucrou 176% a mais que no mesmo período do ano passado, graças à menor letalidade da pandemia da covid-19 desde então. O Bradesco manteve a projeção para o crescimento neste ano, que vai de 18% a 23%, a despeito do salto de 48% no primeiro semestre. Pistas sobre o que esperar da segunda metade do ano certamente serão buscadas pelo mercado.
Acelerou III. As provisões líquidas e a própria inadimplência, porém, também subiram, em tendência já observada no balanço do Santander Brasil. Enquanto o banco espanhol adotou as renegociações como estratégia de gestão de carteira, o Bradesco fez cessões de crédito, fator que chamou atenção de analistas e que não deve aliviar os temores de investidores com a piora na qualidade do crédito.
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