Por Lorenna Rodrigues
Brasília, 28/08/2020 - A cota de aço semiacabado que o Brasil pode exportar para os Estados Unidos sem o pagamento de tarifa foi reduzida de 350 mil toneladas para 60 mil toneladas no quarto trimestre, disse ao Broadcast o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes.
Neste sábado, o governo brasileiro informou que os EUA reduziram a cota de exportação sem tarifa do produto. Uma derrota para o Brasil, a redução ocorre após o presidente norte-americano Donald Trump, que está em plena campanha para reeleição, sofrer pressão das siderúrgicas norte-americanas para barrar as importações do Brasil. A pandemia do coronavírus reduziu a demanda pelo aço produzido dentro do país e há uma sobra do produto no mercado dos EUA, por isso a preocupação com os industriais norte-americanos.
Anualmente, o Brasil pode vender aos Estados Unidos 3,5 milhões de toneladas sem a cobrança de tarifa. O que ultrapassar esse montante paga taxa de 25%, o que, na prática, inviabiliza as exportações.
A cota, no entanto, é dividida por trimestre: são 1,05 milhão de toneladas em cada trimestre no primeiro, segundo e terceiro, e 350 mil toneladas no quarto, o que foi reduzido agora para 60 mil.
Nos últimos 20 dias, os governos dos dois países mantiveram intensa negociação, com direito a telefonema do presidente Jair Bolsonaro para o colega Trump, a quem considera um aliado prioritário.
Inicialmente, os EUA queriam que o Brasil não vendesse nada no último trimestre. Os brasileiros alegaram que os contratos estavam fechados e que pelo menos 100 mil toneladas teriam que ser vendidas no período. Acabaram levando a permissão de vender 60 mil toneladas e a promessa de que a venda dos 290 mil restantes seria discutida em dezembro - quando o processo eleitoral já terá terminado.
Para Lopes, no entanto, a negociação acabou evitando um dano ainda maior. “Se não fosse o telefonema que Bolsonaro deu para Trump, teria sido uma tragédia. Dentro do contexto geral, nós já exportamos 90% da cota, ficou uma pequena parte que não está perdida, vamos discutir em dezembro”, ponderou.
Contato: lorenna.cardoso@estadao.com