Economia & Mercados
28/04/2021 11:15

UBS: Investimentos temáticos e sustentáveis contribuem para mitigar mudanças climáticas


Por Karla Spotorno

São Paulo, 28/04/2021 - As mudanças climáticas pautaram a semana, marcada pela Cúpula de Líderes, organizada pelo governo Biden no Dia da Terra (22/04), e também podem direcionar os investimentos. Globalmente, existe uma ampla gama de estratégias de investimentos temáticos - como eletrificação de frotas - e sustentáveis - ou seja, guiados por critérios ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) - que podem contribuir para mitigar os efeitos da crise ambiental atual.

A disposição do investidor em destinar recursos para alguma dessas estratégias atende ao chamado por uma "ação coordenada" entre atores públicos e privados para construir uma solução global para a questão do clima. A avaliação é do UBS e consta do estudo "Future of Earth", que detalhou ao longo de 70 páginas os riscos e também as oportunidades da crise global ambiental. "Vale notar que investimentos temáticos e sustentáveis se sobrepõem em muitos casos. E muitas estratégias considerarão esses dois fatores nas análises de investimento", diz o relatório.

Em coletiva virtual de imprensa na semana passada, a diretora de investimentos para as Américas do UBS Global Wealth Management (UBS GWM), Solita Marcelli, destacou que as empresas que emergirem como líderes na oferta de soluções para questões ambientais têm grande potencial de oferecer bons retornos no longo prazo. "Existe um crescente reconhecimento de que questões ambientais irão impactar os fundamentos, valuations e retornos de longo prazo", disse Marcelli.

A transição para uma economia menos poluidora é complexa e exigirá uma solução construída de forma coletiva, algo que tomará tempo, como apontou Andrew Lee, responsável pela área de Investimentos Sustentáveis e de Impacto do UBS GWM na entrevista coletiva.

Lee observa que, no relatório "Future of Earth, são destacadas várias iniciativas que já estão sendo realizadas, sobretudo em energias renováveis. O estudo aponta que os investidores dispõem de oportunidades de investimento em companhias cujos produtos e serviços diretamente respondem à transição para uma economia de baixo carbono e também em empresas que respondem de forma efetiva à crescente pressão dos consumidores e dos reguladores por uma menor pegada ambiental.

A questão energética é chave na crise climática para as futuras gerações porque a matriz baseada em petróleo e gás precisa ser repensada - seja pelo prejuízo ambiental ou pela exaustão de grandes campos de óleo - num momento em que a previsão é de um aumento na demanda por energia nas próximas décadas. "Uma transição bem-sucedida da matriz emissora de GEE [gases de efeito estufa] deve salvaguardar a segurança energética mundial", diz o relatório.

Além de detalhar a questão da energia, o "Future of Earth" traz o debate em outros três capítulos: uso da terra, da água e as comunidades. "Os efeitos sociais e de saúde da mudança climática são mais visíveis nas cidades", diz o relatório. As áreas urbanas concentram as emissões de carbono globalmente e criam condições que agravam os efeitos do aquecimento global e da poluição, com consequências adversas para a saúde, sobretudo das comunidades mais pobres, segundo aponta o texto.

Amazônia

O relatório também alerta que o uso da terra é a segunda maior fonte de emissões, de acordo com a OCDE, atrás apenas do setor de energia. "O uso insustentável da terra está dificultando o cumprimento das metas de aquecimento global, especialmente porque remove um grande consumidor de carbono: as árvores."

Sobre florestas, o relatório traz um boxe exclusivamente sobre Brasil e Amazônia. "Ao desacelerar o desmatamento na Amazônia em 80% na década começando em 2004, o Brasil foi o maior país contribuinte na diminuição das emissões do mundo. E fazer isso foi relativamente barato, custando apenas alguns dólares por tonelada de emissões evitadas", diz o texto.

E continua: "Nos últimos dois anos, contudo, a taxa de desmatamento quase dobrou em comparação com os últimos cinco anos, de acordo com a Pesquisa Ambiental da Amazônia Instituto (IPAM). Os pesquisadores do IPAM atribuem essa tendência principalmente a um aumento de incêndios florestais por grileiros, uma vez que as ações de fiscalização diminuíram sob o atual governo brasileiro".

"O monitoramento mais eficaz das propriedade na Amazônia é um passo que o governo brasileiro poderia dar e, de acordo com o IPAM, teria evitado quase um terço do incêndios em 2019 e metade dos incêndios no primeiro trimestre de 2020", reforça o relatório.

Cúpula de Líderes

Sobre a cúpula organizada pelo governo do presidente americano, Joe Biden, a executiva responsável por Investimentos Temáticos nas Américas do UBS GWM, Laura Kane, afirmou que há uma clara priorização pelos Estados Unidos do tema mudanças climáticas.

Ela citou uma série de questões que estão na mesa - como o Acordo de Paris e a meta de neutralização de carbono em 2060, estipulada pela China no ano passado - além da proposta do governo Biden na área de infraestrutura, que busca impulsionar, por exemplo, negócios ligados a energias limpas. "Nesse contexto, vemos [um campo fértil para novas] oportunidades de investimento em eficiência energética, tecnologia verde e outros segmentos", disse Kane.

Contato: karla.spotorno@estadao.com
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