Economia & Mercados
07/04/2020 07:37

Grandes investidores da bolsa dizem que é preciso selecionar ações e que há oportunidades


Por Fernanda Guimarães

São Paulo, 07/04/2020 - Um dos principais investidores no Brasil, Guilherme Affonso Ferreira, sócio-fundador da Teorema Capital e que ocupa vagas em diversos conselhos de administração entre companhias de capital aberto, como Arezzo, M. Dias Branco, B3, entre outras, disse que a chegada da crise, trazida pela pandemia do novo coronavírus, provocou uma queda generalizada das ações, mas lembrou que a retomada dos papéis não ocorrerá da mesma forma entre as empresas. "Aguente firme que as coisas voltam, tem boas empresas. É preciso eventualmente repensar nas carteiras. A queda é generalizada, mas a retomada é seletiva e alguns podem até não voltar", disse, em 'live' promovida pelo BTG Pactual.

Ferreira lembrou que a B3 registrou desde o fim de 2008 a entrada de muitos novos investidores e pediu a eles calma nesse momento, depois que o Ibovespa caiu 30% em março. Segundo ele, seria o mesmo do que sair da faculdade por conta do trote. "É preciso disciplina e resiliência", afirmou. No fim de março a depositária da B3 registrava 2,2 milhões de CPFs.

Roberto Lombardi, outro mega investidor individual no Brasil, disse que o momento abriu uma grande chance para compra de ações, mas disse que o investidor não pode utilizar para essas aquisições em bolsa dinheiro que vai precisar no curto prazo.

"Os preços estão extremamente interessantes, é um oportunidade histórica de posicionamento. Mas precisa usar recursos que não se precisar no curto prazo, já que não sabemos qual vai ser a duração da crise então precisa aguentar o tranco", disse.

Sem inventar

Lombardi disse que esse momento não é preciso buscar "barganhas" no mercado, já que existe empresas grandes com preços atrativos. O investidor disse que é preciso também olhar a governança da empresa, seus controladores e administradores. Ele lembrou que há alguns anos entrou no capital da ex-LLX, a Prumo, dona do Porto de Açu. Após grande investimento e depois de participar de aumento de capital da empresa, quando a companhia estava, segundo ele, perto de uma "virada", os controladores decidiram fechar o capital da empresa.

Ferreira, por sua vez, disse, ainda, que no momento não precisa "inventar" na hora de investir. Ele citou ações do Itaú Unibanco, Weg e Renner. "Isso não quer dizer que não vai cair mais", disse, mas que a estratégia deve ser positiva no prazo mais longo. Ele frisou, ainda, a importância da diversificação da carteira.

Dentre os setores, Ferreira disse que um que não é óbvio nesse momento são os bancos. "Algo que assustava investidor de bancos eram as fintechs e elas sofreram muito (com a atual crise)", disse. Ele citou, ainda, a corrida ao crédito. "As empresas estão pegando dinheiro emprestado, pagando spread só para dormir tranquilo".

Lombardi disse que com a crise reforçou suas posições em ações de empresas de commodities, como a Vale, mas também em Usiminas e B3. Aproveitou ainda a queda de preços para se posicionar nos setores de shoppings, varejo e infraestrutura. "No preço antigo mão dava oportunidade de se posicionar nesses papéis", disse.

Contato: fernanda.guimaraes@estadao.com
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