Política
22/05/2018 18:52

Desafio de Meirelles será explicar por que não tocou agenda de reformas, diz cientista político


São Paulo, 22/05/2018 - O maior desafio de Henrique Meirelles, confirmado hoje como pré-candidato do MDB à Presidência da República, será explicar como não conseguiu, politicamente, tocar a agenda de reformas econômicas por ele defendidas enquanto ministro da Fazenda do atual governo. É o que afirmou, em entrevista ao Broadcast Político, o cientista político Leonardo Barreto.

"Se a política conseguiu sabotar o plano econômico de Meirelles, o que garante que ele conseguirá implementá-lo como presidente?", questionou Barreto. Outro desafio será tentar se descolar da imagem de Michel Temer - 86% dos eleitores não votariam em candidato indicado pelo presidente, segundo o Datafolha. Para isso, na avaliação de Barreto, Meirelles pode se valer de seu histórico político, como quando foi presidente do Banco Central durante o governo Lula (PT). Um exemplo dessa estratégia, de se colocar como uma pessoa a quem diferentes governos recorrem, já pode ser visto na nova campanha do pré-candidato no Twitter, com a hashtag #chamaomeirelles.

Na opinião do cientista político, dois fatores ajudam a entender a virada histórica do MDB em 2018, de lançar, pela primeira vez desde 1989, candidato próprio à Presidência - apesar de Meirelles já enfrentar resistência dentro do partido.

De um lado há um "senso de oportunidade", uma vez que a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) não consegue decolar junto ao eleitorado, de acordo com pesquisas. "Se o PSDB vivesse bom momento, alcançando cerca de 15% nas pesquisas, não teria porque o MDB lançar candidato próprio. Faria mais sentido, em um cenário assim, buscar aliança", avalia Barreto. Como não é o caso, Meirelles pode tentar preencher o espaço deixado pelo PSDB na centro-direita, semelhante ao que enfrenta a esquerda sem Lula, em contexto de pulverização de nomes.

De outro, o lançamento é um "movimento de defesa" do próprio partido frente a ataques recentes, como os de Ciro Gomes (PDT), que promete governar o País, se eleito, sem o MDB. O partido precisa se defender, segundo o cientista político, e Meirelles é o nome ideal para isso. "Ninguém vai defender o MDB. E pode se falar muito do MDB, mas pouco do Meirelles", disse. Dentro dessa estratégia, é possível explorar ligações "negativas" de outros candidatos: a de Geraldo Alckmin com Aécio Neves, ou a de Ciro Gomes com Carlos Lupi. (André Picolotto, especial para a AE)
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