Política
13/07/2018 09:21

Julio Delgado lamenta que PSB esteja como 'biruta' de aeroporto nessas eleições


São Paulo, 13/07/2018 - O anúncio feito ontem pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), candidato à reeleição, de apoio à pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após encontro com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, deve provocar um racha na sigla nessas eleições. Em entrevista concedida na manhã de hoje (13), à Rádio Eldorado, o deputado Julio Delgado, vice-líder do PSB na Câmara, lamentou que o partido esteja enfrentando essa divisão interna, pois dirigentes da legenda já haviam manifestado apoio ao pré-candidato do PDT, Ciro Gomes.

Após a declaração pública de Câmara, Delgado acredita que será muito difícil o PSB seguir unido neste pleito e a tendência é que a sigla libere os Estados e cada um siga o caminho que lhe for mais conveniente, priorizando as alianças regionais. "Estamos como biruta [de aeroporto] rodando, isso é muito ruim. Com todo respeito a Paulo Câmara, sabemos que Lula está inelegível. Ficar nessa situação a menos de um mês para a definição das alianças é o pior dos cenários", disse Delgado à Eldorado.

O vice-líder do PSB disse que é muito difícil, após a declaração de Paulo Câmara, que Estados do Nordeste e o Amapá marchem junto com Ciro Gomes. "Desde que perdemos Eduardo Campos (morto em um acidente aéreo na eleição presidencial de 2014) e que Joaquim Barbosa (ex-presidente do STF) desistiu de ser nosso candidato à Presidência da República, ficamos desorientados", admitiu. Na entrevista, ele insistiu que o caminho mais próximo do campo ideológico da sigla é apoiar Ciro Gomes, mas reconheceu que agora o clima é de instabilidade, sem definição sobre quem apoiar.

Delgado confirmou o adiamento das reuniões da executiva previstas para a semana que vem, onde no seu entender o partido deveria fechar apoio a Ciro Gomes nessa corrida ao Palácio do Planalto. E disse que é preocupante isso ocorrer às vésperas da convenção da legenda, marcada para o dia 5 de agosto. "Estamos numa sinuca de bico", frisou. E lembrou que o partido, no Nordeste, sempre foi mais aliado à esquerda, diferente do que ocorre no Sul e Sudeste. Apesar de prever o racha na sigla, o deputado fez questão de se diferenciar do partido do presidente Michel Temer. "Não temos vocação para ser um MDB, mesmo que sejamos mais um partido nessa sopinha de letrinhas, onde é cada um por si e não se faz a diferença em prol do País." (Elizabeth Lopes - elizabeth.lopes@estadao.com)
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