Política
18/10/2021 15:31

Vítimas da covid responsabilizam Bolsonaro e cobram auxílio a órfãos na CPI


Por Daniel Weterman

Brasília, 18/10/2021 - Vítimas e familiares de pessoas que morreram em função da covid-19 responsabilizaram o governo do presidente Jair Bolsonaro pelo descontrole da pandemia no País durante reunião da CPI da Covid, nesta segunda-feira, 18. Além disso, houve cobrança pelo pagamento de um auxílio a crianças e adolescentes que perderam pais pela doença.

O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), deve apresentar o parecer ainda nesta semana responsabilizando Bolsonaro por crimes na pandemia. Além disso, ele vai propor uma pensão para órfãos da covid de baixa renda no valor de um salário mínimo até os 21 anos de idade. A medida dependerá de aprovação de uma lei. Renan também quer incluir o novo coronavírus na lista de doenças que são causa para aposentadoria por invalidez.

Durante a reunião da comissão, houve relatos de hospitais lotados, falta de equipamentos de proteção para pacientes e profissionais de saúde e ausência de orientação para cuidados sanitários durante a disseminação do vírus no País. Os depoimentos reforçam a linha de investigação da CPI, que mira na gestão do presidente Jair Bolsonaro.

"Sei que minha irmã faleceu não somente por causa de uma culpa de uma pessoa, mas por uma rede de culpabilidade que precisa ser identificada e resolvida essa situação", disse a enfermeira Mayra Pires Lima, que perdeu uma irmã para a covid e também relatou mortes de gestantes em função do colapso no sistema de saúde em Manaus, no início deste ano. "Hoje eu falo que eu vivi uma guerra, porque atendi pacientes muitas vezes sem proteção nenhuma, assim como os meus colegas da maternidade."

"Hoje a gente tem mais de 600 mil vítimas. Mais de 120 mil órfãos. Então, o governo tem responsabilidade por essas vidas", disse Giovanna Gomes da Silva, de 19 anos, que perdeu mãe e pai em um período de 14 dias e assumiu os cuidados da irmã, de 10 anos. "A gente tinha os dois esteios da nossa vida, os dois pilares, as pessoas que cuidavam da gente, que sustentavam e faziam tudo", relatou a jovem, ao falar da importância de auxílio financeiro e emocional para famílias como a dela.

O taxista Antônio do Nascimento Silva perdeu o filho para a covid e protagonizou atos contra posturas negacionistas durante a pandemia. Na CPI, ele criticou atitudes de Bolsonaro e do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Um dos episódios lembrados foi quando, em abril do ano passado, Bolsonaro disse lamentar as mortes e declarou "e daí?". "Num estou querendo acusar ninguém, sabe? Mas, três dias depois de enterrar meu filho, eu ouvi aquela fatídica frase 'e daí?", relatou o taxista.

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