Agronegócios
24/06/2021 08:31

Kepler Weber/Tadeu Vino: mesmo 84% maior, crédito para PCA deve terminar antes do fim de 2021/22


Por Clarice Couto

São Paulo, 24/06/2021 - Apesar de o Ministério da Agricultura ter elevado em 84% o montante destinado ao Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) no Plano Safra 2021/22, de R$ 2,23 bilhões em 2020/21 para R$ 4,12 bilhões, os recursos novamente devem se esgotar antes do fim da safra, segundo avaliação do superintendente Comercial e de Marketing da Kepler Weber, Tadeu Vino. “No ano passado, o dinheiro terminou em novembro. Nesse ano (ano-safra), deve durar até janeiro ou fevereiro, mas não vai até o fim da safra”, afirmou Vino. A companhia lidera o mercado de silos e armazéns, com participação aproximada de 40%.

Segundo o executivo, a média mensal de vendas do setor no último semestre é 30% superior à verificada no começo de 2020, apesar da alta de mais de 100% dos preços do aço, matéria-prima fundamental para a produção de silos e armazéns, que vem limitando o crescimento dos negócios das empresas do segmento. O reajuste do aço, disse ele, tem sido repassado ao preço do produto final.

“As vendas estão estáveis há uns seis meses, mesmo com o aumento do valor da matéria-prima (aço). Os prazos de entrega estão mais longos do que no começo da safra, não só pela irregularidade na oferta de aço e peças, como também pela demanda”, explicou. Segundo Vino, o prazo médio de entrega da indústria de armazenagem está em cerca de 150 dias, enquanto a média histórica é de 90 dias. Ele credita a maior procura por silos, em parte, à alta das commodities agrícolas no mercado internacional, que aumenta o poder de compra dos produtores.

Sobre os negócios da Kepler especificamente, o executivo disse que a maior oferta em relação à safra 2020/21 não muda a perspectiva de crescimento de negócios da empresa - que ele não revelou. “O mercado já vinha em um nível adequado e deve seguir nesse nível”, comentou.

Surpresa - O executivo disse também que o anúncio de R$ 4,12 bilhões disponibilizado para o PCA surpreendeu o setor, que esperava algo em torno de R$ 3,6 bilhões. “O Grupo de Trabalho de Armazenagem de Grãos da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) trabalhou bastante para conseguir mais dinheiro e esperava algo perto de R$ 3,6 bilhões. Foi um número que surpreendeu um pouco”, contou.

A solicitação formal do grupo ao Ministério da Agricultura, contudo, havia sido de R$ 10 bilhões. “A necessidade seria de R$ 10 bilhões por ano, por dez anos, para suprir todo o déficit”, afirmou. Segundo ele, esse déficit no País hoje gira em torno de 90 milhões de toneladas, enquanto a capacidade instalada é de 176 milhões de toneladas.

Com 40% das vendas de silos e armazéns feitas no Brasil, a Kepler deve abocanhar grande parcela das cerca de 500 novas unidades que o governo federal estima surgirem na safra 2021/22. A maior demanda, de acordo com Vino, tem vindo dos produtores rurais, não de cooperativas ou prestadores de serviço. “O aumento do interesse de produtores por ter armazenagem na fazenda é muito bom. A maior parte das vendas hoje já é para produtor”, afirmou.

Contato: clarice.couto@estadao.com
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