Chicago, 22/08/2016 - Uma eventual aquisição da suíça Syngenta pela estatal chinesa ChemChina é vista como benéfica por alguns produtores nos EUA, embora outros ainda estejam céticos quanto ao sistema regulatório chinês. O negócio, aprovado nesta terça-feira pela Comissão sobre Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (CFIUS, na sigla em inglês), aproxima ainda mais os produtores norte-americanos da China. O país asiático, que há muito tempo é um dos principais compradores de grãos dos EUA, pode se tornar também um de seus principais fornecedores. Os EUA são responsáveis por cerca de um quarto das vendas totais da Syngenta.
Ken McCauley, que cultiva cerca de 4.500 acres de milho e soja perto de White Cloud, no Kansas, espera que a compra da Syngenta pela ChemChina acelere a aprovação de novas sementes transgênicas pela China. Muitos produtores alegam que, atualmente, o processo de avaliação na China é muito lento e pode atrasar por anos o lançamento de sementes e pesticidas necessários para combater ervas daninhas e insetos.
Outros produtores veem com bons olhos o maior interesse chinês por agroquímicos e sementes transgênicas, que podem consumir uma década e dezenas de milhões de dólares entre o desenvolvimento e o lançamento no mercado. Segundo produtores, este é um sinal de que a China pretende continuar investindo na Syngenta, num momento em que empresas concorrentes estão demitindo e cortando recursos para pesquisa.
"Para concorrer nesta área, você precisa de uma grande fonte de capital e uma forte plataforma de pesquisa", diz Jim Zimmerman, que cultiva 2.700 acres de milho, soja e trigo perto de Rosendale, em Wisconsin.
No entanto, o presidente União Nacional de Produtores, Roger Johnson, diz que o negócio pode beneficiar a Syngenta em detrimento de companhias como a Monsanto e a DuPont. "A história sugere que companhias estatais chinesas têm vantagens inerentes", afirmou, acrescentando que o processo para liberação de sementes da Syngenta pode ser acelerado, enquanto a aprovação de produtos da Monsanto e da DuPont se arrasta.
Funcionários da Syngenta disseram que não preveem tratamento preferencial de autoridades chinesas caso o negócio seja aprovado. Representantes do ministério da Agricultura da China, da Monsanto e da DuPont não comentaram o assunto. Fonte: Dow Jones Newswires.
