Agronegócios
29/03/2017 12:01

JP Morgan: carta do Brexit mostra que r.Unido está disposto a fechar acordo mesmo Sem Comércio


Londres, 29/03/2017 - A carta do Reino Unido enviada hoje à União Europeia (UE), em Bruxelas, para oficializar a saída do bloco (Brexit) mostra que a primeira-ministra, Theresa May, está disposta a fechar um acordo mesmo sem envolver as questões comerciais, no entendimento do analista do JP Morgan em Londres Malcolm Barr,"A carta de hoje acrescenta pouco à nossa compreensão da posição do Reino Unido sobre o divórcio", escreveu em relatório enviado a clientes. Mesmo assim, ele considerou que o documento é "vigoroso e ambicioso".

O documento traz que a nova relação entre os dois lados deve abranger a cooperação econômica e de segurança e cita explicitamente que a incapacidade de chegar a um acordo comercial "significaria que nossa cooperação na luta contra o crime e o terrorismo seria enfraquecida". "Embora não repita a frase 'nenhum negócio é melhor do que um mau negócio', a carta de hoje fala sobre a possibilidade de o Reino Unido deixar a UE sem um acordo e, assim, negociar em termos da OMC (Organização Mundial do Comércio)", salientou Barr.

O economista comentou também que, apesar de o documento afirmar que este não é um resultado desejado, o Reino Unido saberia lidar com essa situação. Para ele, embora o governo britânico esteja se afastando da ideia de que 'pode ter seu bolo e comê-lo', a carta de hoje reconhece que haverá consequências para o Reino Unido no ato de deixar a UE. "Claramente, a esperança do governo do Reino Unido é ter uma relação comercial com o resto da UE, que é mais profunda e mais ampla do que qualquer outro país terceiro tem", considerou.

O economista salientou que não há uma menção explícita no documento à liquidação financeira, que a UE estimou em cerca de 60 bilhões de euros, embora declare que "teremos de discutir como determinamos uma solução justa dos direitos e deveres do Reino Unido como um Estado-membro". Sobre os direitos dos cidadãos e da circulação pela fronteira terrestre na Irlanda, a carta afirma que um acordo sobre os direitos deve ser feito antecipadamente e que o governo britânico quer evitar uma fronteira física na Irlanda e a manutenção da Área de Viagem Comum.

Embora o futuro acordo de comércio livre entre o Reino Unido e o resto da UE deva ser "de maior alcance e ambição do que qualquer outro acordo antes dele", Barr destacou o trecho da carta em que o Reino Unido afirma que tanto a retirada do país do bloco como esta nova relação podem ser acordadas no prazo de dois anos. Assim, a interpretação seria a que não há necessidade de qualquer regime provisório para preencher uma lacuna entre a separação e a nova relação, porque não haverá uma lacuna. "Ao contrário, a carta de hoje defende períodos de implementação para ajudar a garantir que o ajuste para a nova relação seja suave e ordenada", avaliou.

Theresa May enviou o documento ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, anunciando a intenção do Reino Unido de deixar a União Europeia. O ato formaliza o início das negociações formais do Brexit. Tusk deverá propor uma resposta aos outros 27 Estados-Membros na sexta-feira e a sua posição comum será acordada numa cúpula daqui a um mês, no próximo dia de 29 de abril. As negociações de fato entre o Reino Unido e o resto da UE deverão começar em meados de maio.

A UE gostaria de uma abordagem sequencial para as negociações: concordar primeiro com a retirada, depois falar sobre o novo relacionamento e depois falar sobre arranjos provisórios como necessários para preencher qualquer vácuo entre o divórcio e o novo relacionamento. Em quatro ocasiões distintas na carta, afirma: "Acreditamos que é necessário acordar os termos da nossa futura parceria, juntamente com os da nossa retirada da UE". (Célia Froufe, correspondente - celia.froufe@estadao.com)
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