Ribeirão Preto, 27/6/2017 - O cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Marco Antonio Carvalho Teixeira, avaliou ser cada vez mais incerto o cenário de aprovação da Reforma da Previdência no Congresso, após denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB), por corrupção passiva. Além disso, a baixa popularidade de Temer faz com que deputados evitem se comprometer com a aprovação da proposta, também considerada impopular, a pouco mais de um ano das eleições gerais.
Por outro lado, de acordo com Teixeira, a Reforma da Previdência tem "apoio do mercado e é esse mercado que financia campanhas, mesmo como pessoa física, e pode pressionar deputados e senadores", disse. "A pressão sobre o Congresso deve funcionar, mas não creio que deva ser suficiente, pois precisamos esperar ainda as novas denúncias do Janot que devem travar novamente o governo e o Legislativo", afirmou.
Teixeira avaliou que a reforma trabalhista, já em fase final de discussão no Senado, deve ser aprovada porque exige quórum menor de parlamentares. Já a tramitação da denúncia contra Temer na Câmara, apesar da maioria que o presidente ainda tem no Parlamento, é incerta, segundo o cientista político.
"A impressão é que Temer tem o jogo na mão, mas tudo vai depender da pressão do Congresso sobre ele e de ele resolver rapidamente essa questão para que o tempo não jogue contra. São variáveis complicadas em um governo que tem padrão de prestígio baixo e com o parlamentar que começa a pensar com o calendário eleitoral e, por isso, não podemos descartar a possibilidade de ele perder apoio", concluiu. (Gustavo Porto - gustavo.porto@estadao.com)
