O Bradesco ainda espera impacto na inadimplência de grandes empresas por conta do cliente específico no terceiro trimestre deste ano, disse nesta sexta-feira, 29, Luiz Carlos Angelotti, diretor executivo do banco. Esse crédito, porém, deve ser baixado a prejuízo ainda esse ano, conforme ele, já que até o final de 2016 estará com mais de seis meses de atraso, classificado na letra H, de acordo com as regras do Banco Central.
Angelotti lembrou que o crédito concedido ao cliente específico já está 100% provisionado, conforme informou ontem o banco em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras. A instituição não revelou o nome do cliente, mas seria, segundo analistas, a Sete Brasil, que entrou com pedido de recuperação judicial. Esse caso específico, conforme o Bradesco, teve efeito de R$ 365 milhões no segundo trimestre, depois do impacto de R$ 836 milhões no período anterior, totalizando R$ 1,201 bilhão.
Na grande empresa, a inadimplência, considerando atrasos acima de 90 dias, foi a 0,79% em junho, ante 0,43% em março e 1,0% há um ano. "O crescimento da inadimplência corporate (grandes empresas) está razoavelmente em linha com o que esperávamos. A tendência é que o indicador rode ao redor de 0,7%", disse Angelotti.
PDDs
O Bradesco espera que suas despesas com provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, fiquem ao redor dos R$ 5 bilhões ou um pouco acima no terceiro trimestre, disse Angelotti. Já para o quatro trimestre, o banco espera que esses gastos caiam de forma mais significativa.
As despesas com provisões para devedores duvidosos do Bradesco totalizaram R$ 5,024 bilhões no segundo trimestre, aumento de 41,5% em relação a um ano antes, quando somaram R$ R$ 3,550 bilhões. Em relação ao trimestre anterior, quando foram de R$ 5,448 bilhões, houve queda de 7,8%.
No resultado anual, a expectativa, conforme Angelotti, é de que a desaceleração das despesas com PDDs nos próximos trimestres possibilitem ao banco ficar dentro do novo guidance anunciado para a linha. "A desaceleração das despesas com provisões nos próximos trimestres deve levar ao enquadramento desses gastos dentro do guidance", destacou Angelotti.
O Bradesco espera que suas despesas com PDDs somem de R$ 18,0 bilhões a R$ 20,0 bilhões neste ano, e não mais de R$ 16,5 bilhões a R$ 18,5 bilhões. No trimestre anterior, a administração do banco sinalizou que esses gastos ficariam no teto do guidance após um caso específico impactar a linha. O banco não revelou o nome do cliente, mas, conforme analistas, o efeito foi causado pelo pedido de recuperação judicial da Sete Brasil.
Angelotti explicou ainda que a inadimplência na pequena e média empresa ainda tende a piorar, mas que na pessoa física o indicador já dá sinais de acomodação. Na grande empresa, o banco ainda espera alguma oscilação.
Ele lembrou que a instituição, embora faça isso de forma dinâmica e constante, fez a maior parte da revisão de ratings de créditos que tiveram seu risco piorado no primeiro semestre. "Esperamos um menor impacto nas despesas no segundo semestre", acrescentou".