Economia & Mercados
15/03/2022 10:12

Febraban/Sidney: Mais imposto para banco pode até dar voto, mas é tiro no pé do consumidor


Por Altamiro Silva Junior

São Paulo, 15/03/2022 - O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, criticou hoje tentativas em Brasília de elevar impostos para bancos e afirmou que o setor bancário brasileiro é o que mais paga tributos no mundo. "Temos grandes preocupações com tentativas, por vezes populistas, de alta no custo do crédito", disse em evento.

"Mais imposto para banco pode até dar voto, mas é aumento de custo na veia para o tomador de crédito", afirmou o presidente da Febraban no Ciclo de Diálogos do Mercado Financeiro e de Capitais. "É um tiro de bala perdida no pé do consumidor." Sidney também citou a preocupação com a "intervenção na segurança jurídica dos contratos bancários".

Sidney disse que o aumento de impostos para o setor geram efeitos danosos na economia, pois o crédito, em linhas como financiamento imobiliário, capital de giro, consignado, encarece ainda mais, retraindo o consumo.

No ano passado, Sidney destacou que os bancos passaram a ter uma alíquota nominal de CSLL quase três vezes maior do que os demais setores da economia (25% contra 9%). "Os bancos, mais uma vez, deram sua cota de contribuição para a crise, mas os consumidores pagaram essa conta."

Sidney disse que os bancos só são lembrados quando publicam balanços mostrando lucros altos, mas esquecidos em seu papel importante em momentos críticos da economia. "Os bancos, tão criticados, disponibilizamos R$ 8,5 trilhões em crédito desde o início da pandemia", disse ele, destacando ainda que foram repactuados 19 milhões de contratos e renegociados R$ 1,1 trilhão de saldos devedores.

Para 2022, a expectativa é de crédito, após crescer 15,6% em 2020 e 16,5% em 2022, deve perder força este ano, por conta dos juros altos e economia mais fraca. A previsão é de expansão na casa dos 8%, retornando para um ritmo similar ao de antes da pandemia. Já a inadimplência tende a ter alta gradual.

Sidney disse que, pessoalmente, acredita que no final do ano, o crédito pode mostrar alta se aproximando dos dois dígitos, mas ainda é cedo para prever este movimento. Na pandemia, o crédito cresceu mesmo em momento de "forte retração da atividade e elevação do risco, e foi fundamental para conter os efeitos da crise", disse o presidente da Febraban.

O presidente da Febraban cobrou ainda prioridade na discussão da reforma tributária em Brasília. "É inconcebível que a reforma tributária ainda não seja uma prioridade efetiva da agenda econômica e política do país". A avaliação, disse ele, é que o sistema tributário brasileiro é "péssimo, um vexame internacional", com assimetrias e injustiças tributárias, um modelo que penaliza o consumo, a produção e o investimento.

Contato: altamiro.junior@estadao.com
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