Política
29/06/2022 16:10

Eleições 2022:Guimarães deixa Caixa para denúncias não serem usadas contra Bolsonaro,diz Flávio


Por Felipe Frazão

Brasília, 29/06/2022 - Um dos coordenadores da campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), afirmou ao Estadão/Broadcast Político que o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, vai deixar o comando do banco estatal para que as denúncias de assédio sexual não sejam usadas durante a campanha para a reeleição. "O presidente Bolsonaro vai ser responsável por questões pessoais? O presidente não tem obviamente nada a ver com isso", afirma.

Flávio confirmou que Guimarães, que está à frente da Caixa desde o início do governo Jair Bolsonaro, em 2019, deve deixar a presidência do banco estatal por decisão do presidente Bolsonaro "para preservar o próprio Pedro e o governo mostrar que não compactua com isso".

O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar denúncias de assédio sexual feitas por funcionárias da Caixa Econômica Federal contra Guimarães. A abertura da investigação, que está em andamento sob sigilo, foi confirmada pelo Estadão. Cinco funcionárias relataram abordagens inapropriadas do presidente do banco. A revelação das denúncias foi feita pelo site Metrópoles na terça-feira, 28.

Sobre a escolha da substituta, a secretária do Ministério da Economia, Daniella Marques, o senador disse que o nome foi pensado para dar uma "resposta mais do que clara" de que o presidente não admite esse tipo de conduta dentro do governo. Segundo o filho do presidente, a troca deve sair de hoje para amanhã.

Estadão/Broadcast Político - As denúncias têm bastante número e trazem uma serie de situações graves pra um governo que tem a pauta da família, da moral. É aceitável esse comportamento dentro do governo? Por que ele ficou todo esse tempo no governo?
Flávio Bolsonaro - Porque assim, na verdade, oficialmente, a coisa surgiu agora, né; pelo menos pro presente. Então, óbvio que isso é inaceitável. Então, a decisão do presidente foi correta de imediatamente chamar o Pedro pra conversar e o Pedro compreendeu que poderia ser usado pra explorar o presidente, já que é um problema inaceitável, mas é coisa de cunho pessoal do Pedro; não tem nada a ver com o governo, não tem nada a ver com a presidência.. e a conversa foi nessa linha. Então, assim, a tentativa da oposição e de parte da imprensa de querer vincular ao presidente Bolsonaro não tem nada a ver. O presidente Bolsonaro agora vai ser responsável por questões pessoais, por condutas pessoais que não têm nada a ver com o serviço público para o qual ele foi escolhido para exercer uma determinada missão? O presidente obviamente não tem nada a ver com isso.

Estadão/Broadcast Político - Ele vai renunciar? O presidente pediu que ele renuncie?
Flávio Bolsonaro - Eu não sei qual vai ser formalmente o despacho no Diário Oficial. Mas o fato é que formalmente, imediatamente partiu dele: 'olha, Pedro, não dá; tão acusando você aí'... e o Pedro de pronto entendeu, já foi conversar sabendo que isso deveria acontecer.

Estadão/Broadcast Político - Na noite de ontem, né?
Flávio Bolsonaro - Na noite de ontem.

Estadão/Broadcast Político - No Alvorada a conversa..
É.

Estadão/Broadcast Político - Ele já saiu de lá ciente?
Flávio Bolsonaro - Eu não sei. Quando ele chegou, eu tava saindo. Fui pra pra tratar de outras coisas com o presidente e ele chegou pra conversar com o presidente. Eu fiquei sabendo depois que o tom da conversa foi esse e que essa decisão ele já tinha tomado de tirar o Pedro de lá.

Estadão/Broadcast Político - O sr. está falando que isso é uma conduta pessoal dele, mas o presidente só soube agora ou ele já tinha informação sobre esse comportamento?
Flávio Bolsonaro - Que eu saiba, eles tão sabendo agora quando o fato se tornou público e qualquer rumor ou boato que tivesse aí... Como presidente vai tomar qualquer tipo de conduta com base em boatos? Não pode fazer isso. Mas, do jeito que os fatos estão se apresentando, parece que são bem robustos. E aí, pra preservar o próprio Pedro da Caixa e o governo mostrar que não compactua com isso, essa atitude foi tomada.

Estadão/Broadcast Político - Ele era até então um nome muito prestigiado. O presidente vinculou bastante a imagem dele nas lives, um dos principais participantes. Chegou a ser cogitado em algum momento que ele tinha interesse político, que ele poderia até compor a chapa com o presidente...
Flávio Bolsonaro - Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O Pedro tinha essas pretensões políticas, mas nunca o presidente nunca cogitou colocá-lo de vice, como tentaram vincular alguma vez.. o perfil dele, apesar de um baita de um.. separando a parte pessoal da profissional, né, sendo possível separar as duas partes: ele é um profissional que fez um trabalho ímpar na Caixa. Você tirar um retrato do que é a Caixa Econômica hoje e o que ela era antes do governo... é incomparável. A melhoria, o superávit, toda a função social que a Caixa cumpriu na questão da Casa Verde e Amarela (programa de habitação popular que substitui o Minha Casa, Minha Vida), na questão do auxílio emergencial e agora do Auxílio Brasil.. de todo o compliance (regras de governança) que foi implementado lá dentro. Então, é uma pessoa que inegavelmente é competente. Mas, obviamente, é inaceitável uma conduta pessoal dessa, que não tem nada a ver com o governo, com o trabalho.. alguém que usa a sua posição dentro de uma empresa dentro de um cargo público pra assediar alguém, isso o presidente Bolsonaro não compactua.

Estadão/Broadcast Político - A nomeação da Daniella Marques, secretária do ministro da Economia, Paulo Guedes, para substituí-lo já está confirmada?
Flávio Bolsonaro - A informação que eu tenho nesse momento é que ela está escolhida pra ser a próxima presidente da Caixa.

Estadão/Broadcast Político - Em quanto tempo isso se daria?
Flávio Bolsonaro - Acredito que publique a desoneração dele de hoje para amanhã, junto com a nomeação dela.

Estadão/Broadcast Político - Das intervenções que o presidente está fazendo, ele está recorrendo bastante aos quadros da equipe do Guedes. É um aumento de influência do ministro Guedes nesse momento?
Flávio Bolsonaro - As áreas em que estão havendo essas trocas são áreas bastante técnicas e o ministro trouxe uma equipe brilhante pra dentro do governo. Grande parte das pessoas já eram bem-sucedidas no setor privado, como é o caso da Daniella Marques. Uma pessoa que jamais precisaria estar no governo vem porque se identifica com as maneiras, porque a missão de ajudar as pessoas - no caso específico dela, as mulheres, onde ela está agora, - é uma missão muito nobre, motiva muito a Daniela. E eu particularmente sou um grande admirador do trabalho dela. Eu acho que troca ali a pessoa na Caixa, mas não troca a importância e a competência com que a Caixa como um todo, não só a presidência.. mas mantém ali um padrão elevado de serviço público prestado.

Estadão/Broadcast Político - O fato de ela ser mulher foi pensado para dar uma resposta à sociedade?
Flávio Bolsonaro - Foi pensado pra dar uma resposta mais do que clara, pra evitar qualquer tipo de dúvida de interpretação de que o presidente Bolsonaro não admite esse tipo de conduta dentro do governo dele.

Estadão/Broadcast Político - Não é estranho que tenha passado tanto tempo e o compliance da Caixa não tenha agido? Não tem uma falha aí na ouvidoria, nos órgãos de controle?
Flávio Bolsonaro - Eu não sei nem se não agiu o compliance da Caixa.. porque como que você vai.. um comportamento pessoal, íntimo ali.. o compliance ou qualquer autoridade só pode agir depois de tomar conhecimento. Não tem como saber que ele fazia isso, que são as acusações que estão sendo feitas sobre ele. Eu não sei se chegou a ter dentro da Caixa alguma coisa. Pelo menos que eu saiba, por parte do presidente da República, ele tomou providência assim que ele tomou conhecimento dos fatos.
Para ver esta notícia sem o delay assine o Broadcast Político e veja todos os conteúdos em tempo real.

Copyright © 2024 - Todos os direitos reservados para o Grupo Estado.

As notícias e cotações deste site possuem delay de 15 minutos.
Termos de uso