Economia & Mercados
11/11/2022 11:47

Exclusivo: Startup recebe R$ 80 milhões para projeto de hidrogênio verde com geração agrosolar


Por Ludmylla Rocha

São Paulo, 09/11/2022 - A startup Phama Energias Renováveis recebeu um aporte de R$ 80 milhões para desenvolver um projeto para produção de amônia a partir do hidrogênio verde, cuja origem será energia elétrica gerada em um parque agrosolar. A contratante é a empresa alemã Sunfarming, que espera o início da produção para o segundo semestre de 2024.

Uma planta de energia solar fotovoltaica de 5 megawatts (MW) necessária para o funcionamento de um eletrolisador de 2,5 MW será instalada na região do Vale Verde, no Rio Grande do Sul. A expectativa é que sejam produzidas 1,5 mil toneladas de amônia ao ano.

Para além do desenvolvimento do hidrogênio verde, que atenderá a economia agrícola da região, haverá o aproveitamento da própria área da usina para plantação. Neste sistema, chamado de agrosolar ou agrovoltaico, as placas para geração elétrica serão instaladas a uma altura entre dois e três metros. Na área de 400 hectares, que abrigará a usina, 45% será destinado para cultivo de plantas medicinais, 45% para produtos orgânicos, que deverão ser exportados para Europa, e 10% para agricultura familiar.

De acordo com diretor-presidente da Phama, Luiz Paulo Hauth, a associação dos projetos foi o que permitiu a viabilidade econômica da proposta. "O projeto deles [de agrosolar] não parava de pé porque o custo era muito alto. E aí a gente conseguiu do ecoagro parque solar, junto com o eletrolisador e com a produção de amônia, fazer essa produção combinada", disse ao Broadcast Energia. A Sunfarming já desenvolve parques deste tipo em outros países, como a própria Alemanha.

Projeto pioneiro no mundo

A Phama e a Sunfarming fizeram contato por meio do programa iH2 Brasil Inovação em Hidrogênio Verde, realizado pela Aliança Brasil-Alemanha para expansão do Hidrogênio Verde, com apoio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit GmbH (GIZ) e do Ministério de Minas e Energia (MME), na qual recebeu mentoria e apoio técnico.

O coordenador do Componente Inovação do projeto H2Brasil da GIZ Brasil, Bernd dos Santos Mayer, afirmou que o projeto é pioneiro no mundo por conta de sua pequena dimensão, mas grande escalabilidade. "No mundo inteiro, o debate é que só vale a pena produzir hidrogênio verde em escala industrial porque tem que ser uma planta gigante. O projeto do Luiz mostra que não é assim. É um projeto pequeno e descentralizado já com business case [sic]. É um dos primeiros projetos no mundo que mostra que é economicamente viável", afirmou.

Além desta iniciativa, a Phama têm outros nove projetos do tipo em negociação com empresas no Brasil. "Estamos finalizando a viabilidade para levar a banco e buscar financiamento", explicou Hauth. Ele garante, porém, que o potencial de escala é grande.

"Pode ser feito em qualquer lugar do Brasil onde tenha sol e água para produzir o defensivo local. Com esse [projeto] aqui, você vai ter a sua fábrica [de fertilizante] no local com zero de emissão", completou na comparação com a aquisição do produto como é feita hoje, predominantemente, via importação e, em consequência, com elevada emissão de gases-estufa.

Contato: energia@estadao.com
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