Por Ricardo Leopoldo
São Paulo, 27/07/2022 - A economista Ana Carla Abrão, sócia da consultoria Oliver Wyman, afirmou ao Broadcast que a democracia no Brasil está ameaçada e que é preciso a sociedade defendê-la sempre, sobretudo agora, às vésperas das eleições que definirão quem será o próximo chefe de Estado em 2023. “O presidente Jair Bolsonaro vem fazendo manifestações totalmente contra o respeito ao resultado das eleições, e cria um clima muito perigoso no País que coloca em risco de gerar violência na hipótese de perder a disputa nas urnas em outubro”, disse.
Como uma das signatárias do manifesto pró-democracia organizado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), subscrito por 3 mil pessoas de diversas áreas, Ana Carla aponta que a eventual vitória da oposição nessas eleições será uma mensagem clara da sociedade de defesa a plena liberdade e contra um governo que tem “uma postura autoritária”, que inclusive defende a ditadura militar.
“Bolsonaro percebe que há chances de não ser reeleito e segue totalmente o script de Donald Trump nas eleições de 2020 nos EUA”, destacou. O ex-presidente Trump fez diversos depoimentos ao longo daquele ano, no qual apontou inclusive pelo Twitter, em abril, que só não seria reeleito se o pleito “fosse roubado.” Essa tese de Trump avançou e levou centenas de seus apoiadores, muitos deles ligados a grupos de extrema-direita, a invadir o Congresso em Washington no dia 6 de janeiro. “Nesse contexto, o presidente Bolsonaro cria condições para que possam ocorrer manifestações violentas de um segmento de seus apoiadores, que o defendem de forma cega.”
Para Ana Carla, a possível vitória da oposição em outubro para o Palácio do Planalto vai reforçar de forma significativa a democracia no País. “Será muito positivo um resultado como esse. Precisamos virar a página de ideias retrógradas de defesa da ditadura militar, que pensávamos que já tinham acabado há 25 anos."
